Ainda
no clima da crônica anterior sobre tipos humanos tendo como referência a minha
teoria do Parafusismo, venho hoje complementar com outra teoria sobre dois grandes
grupos humanos: os Metínculos, os que só se dão bem, e os Levínculos, os que só
levam a pior.
Fiquei
com vontade de brincar um pouco, tentando desenvolver essa teoria, que, a meu
juízo, tem muito de verdadeira. Quem de nós não conhece protagonistas desses
dois grupos? Vale lembrar que, como em todos os grupos, há frações como
resultado de cruzamentos dos mais diversos entre os tipos originais.
Poderia
começar dizendo que os Mentínculos são os que estão sempre na subida do morro e
os Levínculos na descida da ladeira. Ou que os primeiros vivem metendo lenha e
os segundos estão sempre cuidando dos prejuízos.
Se
tiver de fazer um breve perfil desses personagens, diria que os Metínculos,
geralmente, por força do ofício, são pessoas favorecidas, consequência, em
grande medida, de sua condição econômico-social, ou de sua participação em órgãos
de poder, portanto, a priori, candidatas, a usufruírem do Melhor em qualquer dos
seus intentos. Os Levínculos, ao contrário, por força de sua inserção social, são
mais favoráveis às artimanhas dos espertos aproveitadores das suas fraquezas enquanto
dependentes, em grande medida, das oportunidades profissionais ou pessoais que
lhes permitem os Mentículos, proprietários que são dos meios produtivos e
sociais, os quais, não raro, conquistaram através da exploração dos Levínculos.
Estes, em consequência de suas condições de vida, são vitimados, em sua maioria
por uma predisposição ao contínuo desânimo e submissão.
Como
o ser humano é um ser complexo, muitas vezes os Metínculos são perdoados com
facilidade em suas ações de mau caratismo, possivelmente em razão de seu
reinado no pedaço. Afinal, eles não dão o pão, mas oferecem o circo (com ônus,
é certo) a quem quiser desfrutar de sua companhia. Por sua vez, os Levínculos,
apesar de sua correção, nem sempre contam com mecanismos de solidariedade perante
seus frequentes fracassos, por serem pessoas que labutam por um lugar ao sol e
que oferecem pouco na sua convivência, sem o devido preparo e oportunidade para
enfrentar seus opressores.
De
outro prisma, há um contraponto entre esses dois grupos que acaba facilitando a
sobreposição de um sobre o outro. É que, no terreno movediço dos Metínculos, há
mais organicidade, eles são mais estruturados, mais conformados na sua versão
de tirar vantagem, há como que um certo orgulho na sua contabilidade de passar
os outros pra trás. Já os Levínculos, como se sabe, circulam no terreno do Bem,
no qual há uma grande dispersão. Eles são a maioria, mas pouco adianta, pois
não têm aquela força resultante da consciência de si mesmos enquanto grupo e
nem organização com as devidas lutas para suas conquistas individuais e sociais.
E, o mais lamentável, frequentemente se deixam levar pelo canto da sereia, seduzidos
pelas armadilhas de ofertas e ações enganosas e contravenções para acessar vantagens,
resultando na rebentação da corda para o seu lado, que é o dos mais fracos.
Ainda
há um detalhe que faz toda diferença: a sorte está com os Metínculos, eles
ganham loteria, rifas, bingos, são uns danados nesse particular. Os Levínculos,
coitados, não ganham nem sorteio da paróquia, nem mesmo rifa que corre em
família. E quando tiveram algum ganho desses foi em aposta de briga de galo, na
periferia da cidade, entre galos caidaços, que quase nem conseguiam bicar um no
outro. Como veem, dá vontade de chorar com pena desses irmãos em Cristo.
E o
pior de tudo: parece que os Levínculos têm uma atração fatal pelos Metínculos.
Logo, é caso perdido... E ainda há os Metidos a Metínculos, que, duplamente
coitados, são, no fundo, uns eternos iludidos Levínculos, facilmente
desmascaráveis e também facilmente ferráveis.
Enfim,
meus caros, o restante dos humanos são todos cruzamentos variados dos capitães
desses dois grandes Times, modelitos dos humanos na convivência social. Podem
conferir! E depois me contem...
Em
tempo: qualquer semelhança desta Crônica com a realidade vivida atualmente na
nossa pobre pátria amada e enganada Brasil não é mera coincidência. Quem viver
verá o que vai acontecer com os Bolsometínculos versus os Brasilenvículos.
eu ri muito e obrigada por isso. crônica, sim, mas literatura em certos momentos na criação desses dois mundos antagônicos.
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