Pandemônio Nacional: passividade em ação

Ando muito desanimada com o que nos aguarda nessa pandemia política no nosso sofrido país. Será que merecíamos esse Bolsovírus e sua patota do Mal — é a pergunta que me faço diariamente ao me inteirar dos fatos correntes desse desgoverno, ao pé da letra.

Estamos numa enrascada dos diabos. Vivemos a desqualificação da política e da justiça em todos os rincões de suas instâncias: o Executivo, um horror de incompetência e avacalhação na sua totalidade, nos envergonhando perante o mundo; o Congresso Nacional com sua mediocridade ambulante e a maioria de seus deputados e senadores sedentos da apropriação do fundo público; e o Supremo Federal, esse senhor vacilante, com uns integrantes capas pretas descomprometidos com a Constituição... os três em seus assentos luxuosos e abusentos de nossa tolerância acomodada pelos séculos, Amém.

Convenhamos: esse perfil institucional nunca foi dos mais elogiáveis desde que o Brasil foi “descoberto”  versão enganosa das elites contadoras de nossa História e engolida pelos brasileiros, o que não surpreende face aos altos níveis de sua ignorância. Fruto dos parcos processos educacionais em todas as dimensões, a condição de seres iletrados e despolitizados sobre a realidade econômica e social facilmente deriva para a condição de seres manipuláveis.

Nunca foi dos mais elogiáveis, dizia eu, mas, atualmente, me parece que atingimos o requinte dessa malvadez.

Pois Bem! Como se não nos bastasse ter caído sobre nós esse meteoro BolsoMal, eis que chega à nossa progenitora Terra, já em plena destruição ambiental e com outras desgraças de todos os naipes, o tal de Covid-19, parido do ventre do Coronavírus, esse castigo para habitantes ingratos e não merecedores de sua aparição neste planetinha.

O que Fazer  eis o grande Desafio que se coloca a todos os homens e mulheres do Bem de nossa, de fato, pátria amada Brasil.

De um lado, mantermo-nos apáticos perante o avanço brutal do Bolsovírus, que, associado ao Corona, bem pode resultar na Carona para o outro mundo — sem a garantia nem de uma vala qualquer que abrigue os nossos finados corpos brasileiros. De outro lado, o mais difícil, provocarmo-nos uma grande Febre coletiva com vista a combater e expulsar da cadeira verde-amarela esse agente corrosivo do nosso povo, nossos direitos, nossas riquezas, nossa saúde e nosso destino.

Esse será o tema da próxima crônica, se vocês, meus leitores, me derem a oportunidade de conhecer minhas ideias e posições sobre o Enfrentamento institucional, individual e coletivo desse castigo de Lúcifer, o Vírus Bolsonaro e sua trupe. Comecei confessando aqui que ando desanimada, ou seja, desalmada. Talvez a alma de outros tempos que vivi possa dizer algo a estes assombrados tempos virulentos.


Comentários

  1. Muito lúcida. E "malvadez" é de uma sofisticação deliciosa nesses tempos áridos.

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  2. Gosto imenso de sua abordagem ácida / apimentada dos assuntos. Certa dose de humor muitas vezes nos leva a sustentar melhor, na medida em que nos conecta mais profundamente e a sensação de peso se divide.
    Estou muito curiosa, conhecendo um pouco de sua trajetória na vida política em tempos de ditadura, para ler sobre sua perspectiva de possível enfrentamento a este atual horror brasileiro. Particularmente me sinto na apatia que você referiu, a sensação é a de que não há tempo nem espaço para reagir ao bombardeio diário do bolsonarismo e à sua escandalosa impunidade em tudo. Também estou desalmada. Precisamos apanhar nossos cacos de alma e com eles construir urgentemente uma alma coletiva-reativa, mas por onde? por que fresta diante de tantos muros caberá o passo que nos libertará do impasse?

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    1. O Humor é, sim, meu companheiro permanente para eu não sucumbir diante desses tempos ameaçadores. Confesso que me sinto agora desalmada, como você gosta de falar. Como integrante da geração que vivenciou e lutou nos tempos terríveis da ditadura militar de 1964, sei o que pode nos atingir se as forças democráticas não se unirem, como naquela época, para impedir sua efetiva implantação em nosso combalido país, também em plena desgraça pelo Covid 19. Pelo visto, difícil agora vai ser eu me animar. Obrigada pelo seu retorno, você que, com sua juventude e ainda com certa crença em mudanças, poderá contribuir para o enfrentamento das ameaças dessa conjuntura. Beijos.

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  3. Excelente reflexão, embora realista-pessimista está recheada de lucidez como sempre. Parabéns!

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    1. Obrigada, querida ! A lucidez implica , quase sempre nessa dupla realista-pessimista...como agora, vivendo em nosso país .Beijos.

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  4. Muito desanimador , Rose ,são tempos sombrios ...mas, é necessário "guerrear " a favor de um futuro melhor...acreditar novamente no renascimento e na reinvenção da VIDA.
    Parabéns, pela reflexão e continue escrevendo para você e pela luta por vida.
    Fafá Serra

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    1. Fafá, você como minha irmã , é a maior conhecedora de minha vida vivida guerreando por um mundo melhor. Nos tempos atuais, ando sem esperança frente aos enormes desafios para enfrentarmos a chegada do nazifascismo ao nosso país. Obrigada pela sua presença aqui nesse meu retorno.

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